Wednesday, May 23, 2007

Paulo George

Já anteriormente postei aqui sobre parecenças, pelo que introduções sobre o assunto não vale a pena estar aqui a escrever. Depois do post que escrevi sobre David Silva, o bad-ass-clone do Peixe, não parei minha busca por mais e mais pessoas semelhantes, sem reparar que tinha clones entre as pessoas que via todos os dias. Engraçado foi reparar que mais uma vez está envolvido um jogador de futebol, facto que nos leva a concluir que os jogadores de futebol são pessoas muito iguais a outras pessoas.
Desta vez a pessoa que me chamou a atenção foi ‘George Michael’ (nome que lhe dei por não saber o seu e por achar, a principio, que era do cantor que eu lhe via semelhanças), (mais) um jovem estudante da FCT. (Importa relevar que o rapaz tem um brinco que é uma argola com uma cruz pendurada, tal e qual o cantor, pelo que não é assim tão descabido). Mas, foi só passadas várias semanas que eu reparei, num jogo do Braga, que quem era seu gémeo era Paulo Santos, o guardião dos arsenalistas.

Senão vejamos,



Este é Paulo Santos.

Tive a felicidade de apanhar George na mesma posição. Digam lá se isto não é uma coincidência do caraças..



Este é George.

Depois do que viram, meu único conselho só pode ser o de andarem sempre armados e quando encontrarem uma pessoa igual a vocês matem-na, não vá um amigo do sósia um dia chamar-vos no meio da rua e meter conversa sem perceber que vocês não são seu amigo, deixando-vos numa situação desconfortável, da qual a vossa imagem pode sair lesada, pois o sósia dirá então a seu amigo 'Olha, vi uma pessoa igualzinha a ti outro dia na rua e, achando que eras tu, meti conversa mas ela não me deu muita. Era uma pessoa um bocado banana. Era estúpida que sa farta.' Depois começam os boatos e já se sabe o que é que acontece. Enfim, acaba por ser uma situação chata que se pode evitar de uma maneira fácil e sem dar muita maçada.

Sunday, May 20, 2007

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De quando em vez reflicto sobre coisas sobre as quais geralmente não se reflecte. Acontece-me, numa determinada altura, duvidar da existência concreta duma palavra e da sua fonética, e começar depois a soletrar a palavra, numa tentativa de acordar a parte do meu cérebro que está dormente, ou começo a olhar fixa e atentamente a cara de pessoas com quem estou todos os dias e reparo em pormenores que, olhados isoladamente do conjunto, alteram a imagem que tenho da cara dessas pessoas, ao ponto de não as reconhecer.
Desta vez o objecto da minha reflexão é uma expressão usada, não direi por toda a gente, mas por 90% da gente da minha idade. Comummente comparamos situações, objectos ou pessoas com o órgão reprodutor masculino, o pénis. Apenas o dizemos de uma maneira menos técnica. A minha opinião sobre isto é a de que, apesar de ser um dos utilizadores desta gramática, é errado porque o pénis não é alto, nem gordo, nem rico, nem ‘boa’, nem tem cavalos, nem é caro, nem é frio, nem é um bom prato, nem está doente. Outra imprecisão que cometemos é a de achar que o pénis é possuidor de alguns atributos, pessoas ou objectos, dos quais na realidade não é; seja, por exemplo de paneleiros, de calor, dum urso, dum motor dum carro ou duns cornos. Assim, dizer ‘Tá frio cmó caralho!’ ou ‘És um urso do caralho!’ , são duas afirmações, na minha opinião, injustas pois o pénis até é quentinho e as posses do pénis só a ele dizem respeito.

Saturday, May 19, 2007

Ah!

Há uma cara de rotina que não tem outra descrição mais precisa que não essa.
Era a cara com que saía de casa todos os dias para a faculdade.
Não era aborrecida, não era contente,
Não era divertida nem sequer eloquente,
Não era alegre nem sorridente,
Nem triste ou descrente.
Nem sequer estava cansada, tinha sono de descanso.
Era a cara que devia ter quem se olhasse ao espelho às 8 horas da manhã.
No carro, sentou-se e poisou os livros no banco do passageiro.
Embreagem, mudanças, ignição, travão de mão, volante, retrovisor, embreagem e acelerador, mudanças - acelera - retrovisor, cinto, telefonia - indiferença - seguiu o seu caminho do costume.

Cantarolava agora por reflexo e repetia o que a telefonia lhe dizia como faziam em 1984:
- "Se me quisessem hipnotizar era agora o momento" - pensava e continuava repetindo o estado do trânsito para si mesmo. - "É tão estúpido relatarem isto todas as manhãs!" - continuava. - "É na 2ª Circular que está trânsito hoje?! Não!, que surpresa! Pensei que era na Rua Ribeirinha dos Canaviais... porque é que não dizem só 'Está Trânsito!' e pronto?!"
E abstraia-se no aborrecimento da sua rotina:
- "Sou uma economia a 0% - estou homologamente sempre no mesmo lugar!"

De repente olhou em frente e viu 4 mulherões (tinham pelo menos duas vezes o seu tamanho) como nunca antes vira.
Esbugalhou os olhos molhados ainda da cama e chocalhou a cara como um Rottweiler, lançando fios de baba para as suas próprias bochechas e cabelo e também para o vidro da janela e para o manípulo das mudanças. E lá estavam as mesmas mulheres, nos mesmos corpos e biquinis, cada vez maiores e mais ondulantes, mais próximas e inconcebíveis. Elas olhavam-no de forma especial, ele sabia-o. Elas queriam-no! Era óbvio - não olhou em volta para se certificar, era fiel ao seu sentimento - elas chamavam-no caladas! Formavam-lhe um corredor de hipnotizante beleza que o levava à do meio. Era exasperante vê-la assim tão perfeitamente disposta. Sentiu a comichão no coro cabeludo transferir-se para o estômago e alojar-se no pâncreas.

- "Hipnotizaram-me mesmo!".

E foi este o seu último pensamento antes de mergulhar o seu carro absorto num muro que emoldurava um outlier da Galzedónia. E esta história conto-vos eu pois só eu a sei, porque atrás dele morreram todos os outros que vieram e à frente dele todos os outros que tinham vindo menos um: eu não tive a mesma sorte! É que morrer assim é como uma criança adormecer a pensar em gelados, só que neste caso o sonho vai durar uma vida eterna!

Saturday, May 05, 2007

Henry (le-se com sotaque ingles)

Henry é um amigo meu. De vós, dos que também o são, muitos podereis não o conhecer pois é austríaco, de Viena.
Henry é um rapaz bem-parecido, alto e de cabelo sempre aparadinho, extremamente inteligente e muito forte, esta última muito fruto das valentes horas que passa no ginásio a puxar ferro. Arrisco-me até a dizer que, no que toca ao ginásio Henry é um ‘zaca-zaca’. Henry tem apenas um defeito: é vaidoso como Narciso e portanto, as horas que passa no ginásio dividem-se numa proporção de 40-60, sendo as primeiras para o treino assim chamado e o resto do tempo para olhar seu esculpido corpo no espelho. Ora contrai os bíceps, ora peitorais, ora contrai ambos flectindo um pouco as costas para a frente e desenhando um arco com os braços, com as mãos apoiadas nas coxas. Isto fá-lo sempre apontado com os indicadores de ambas as mãos o musculo especifico que deseja expor naquele momento, não vá acontecer passar alguém que não esteja a par do ritual de Henry, que logo fica esclarecido.
Há não muito tempo Henry veio a Portugal visitar-me e mal chegou vi logo diferenças na sua maneira de ser, ainda antes de falarmos. Quando lhe perguntei aonde iria ficar instalado, Henry disse-me que conhecia um museu aqui perto aonde costumava ficar. Esta humildade deste rapaz sempre me surpreendeu; claro que lhe ofereci minha casa, que a custo lá aceitou.
Foi este facto que me permitiu notar e contar aquilo que vou contar. É que com Henry vivendo em minha casa pude observar seus hábitos mais de perto. Como disse a sua diferença de personalidade era notória. Henry andava sempre deprimido, cabisbaixo e pouco falador, e sempre com uma estranha bisnaga de leite condensado, que punha constantemente nos lábios. Perguntei-lhe se era de desgosto amoroso, mas garantiu-me que não só tinha ainda a namorada belga que sempre tivera, como tinha ainda uma outra rapariga que era apaixonada por ele, mas que segundo ele tinha um sentido de humor muito estranho. Perguntei-lhe então se seria dos estudos, sabendo já que a resposta seria negativa. ‘Não, é bem mais complicado que isso tudo..’ respondeu ele. Contou-me então que desde que lhe apareceram 4 borbulhas na cara, a imagem que via no espelho já não o deixava orgulhoso como outrora sempre o deixara e que portanto começara a tomar um remédio feito à base de proteína de cavalo, cujos efeitos secundários incluíam diarreia, indisposição geral e depressão com tendências suicidas.. Dizia-me ele que era tão grave a depressão que tinha quando tomava o remédio como a depressão que tinha quando se olhava no espelho e via aquelas malvadas borbulhas estragarem-lhe a imagem que se prostrava. Mas eu sabia que não.. Henry era o amigo que eu conhecia quando não tomava as malditas pílulas; seu humor voltava, sua boa disposição iluminava uma sala. Henry ria a bandeiras despregadas. Eu apenas sorria...