Sunday, January 21, 2007

Ursinhos

Não sei se questionar determinadas coisas que assumimos como certas no dia-a-dia pode ser uma grande vantagem ou uma grande perda de tempo. Sei porém que hoje questionei uma delas. E embora de interessante o assunto tivesse pouco, pode porém servir de exemplo para como questionar outras certezas das quais exemplos não sou capaz de dar - qualquer coisa de que tenham a certeza serve...
Estava com a Joana e estava rabugento, pois a Joana, de tanto em tanto tempo, tem esta capacidade passiva de me estimular a hormona da rabugice. Estava à espera do eléctrico. Estava com tosse e dores de cabeça. Estava frio. Estava mal disposto.
Para mim há duas formas de me comportar quando estou mal disposto: uma delas é estar calado e falar apenas o essencial em forma de grunhido; a outra é totalmente oposta e passa por me abstrair da má disposição tentando concentrar-me noutras coisas, falando sem parar de cada assunto por mais desinteressante que seja.
Foi a segunda opção que inconscientemente escolhi para hoje.

Havia um outlier na paragem do strasse bahn que tinha dois ursos polares muito queridos a fazer patinagem no gelo e a convidar-nos a nós também, para que patinemos com eles, algures no Stadtpark.
Parece perfeitamente aceitável esta imagem. Mas hoje pareceu-me horrenda.
É que os ursos não são queridos! São Maus!
Toda a gente sabe como é perigoso encontrar um urso selvagem no meio de qualquer bosque. São bichos perigosos e imprevisíveis, que atacam sempre que se sintam ameaçados. E sentem-se ameaçados por tudo e por nada, nem que seja por estarmos a mijar atrás da árvore, onde está a colmeia de onde eles de forma tão querida roubam o mel. São mesmo um bicho que eu odiava encontrar aí na rua. Talvez tanto como encontrar um tubarão na minha banheira ou uma cobra na minha árvore de Natal.
Porém e todavia, quando toca a falar de bichinhos queridos às crianças, o urso é logo o primeiro. Mesmo antes do coelhinho, que coisa mais inofensiva não existe. Tanto que os peluches mesmo que sejam coelhos se chamam "urso-de-peluche" tudo junto! E quando se trata de convidar pessoas para um programa em família, daqueles para fazer as crianças rir e brincar e estar contentes, desenham-se também ursinhos polares com barretes e sorrisos bochechudos. A verdade é que se lá estivessem mesmo dois ursos polares a patinar no ringue de Stadtpark, não haveria nem brincadeira nem sorrisos, mas antes muitas e peludas bofetadas, salpicos de sangue e grande chacina das criancinhas menos desenrascadas na sua fuga.

Fez-me um bocado de confusão esta coisa dos ursos na paragem do eléctrico e comentei isto com a Joana que me disse "Ah é porque são peludos e queridos de aparência.". Faz sentido mas mais que peludos são uns badochas mega pesados, com os meus oitenta quilos em cada uma das suas patas. E o focinho só é querido quando têm a boca fechada, pois não há coisa mais medonha que quando a abrem para rugir.

Que os golfinhos sejam dados como queridos, e que os tubarões tenham inveja, tudo bem, eles merecem ser queridos porque o são de verdade. Mas os ursos não são queridos! São maus que nem cobras e como cobras deviam ser dados! Para fofinhos e peludos há vários outros candidatos como por exemplo (e insisto) o coelho!
Os mamutes também são peludos e ninguém os acha queridos! Só fofinhos como um avô o que é perfeitamente aceitável...

Sendo assim, deixo aqui um aviso para os meus mais jovens leitores:
Quando virem um urso dos grandes que não use pijama, POR FAVOR NÃO CORRAM de braços abertos para ele!

3 comments:

Anonymous said...

Pedro, tens alguam coisa contra seres badochas e peludos? Obrigado.
Sugiro mais intervenção da nossa parte no blog, nomeadamente na caixa dos comentários! E, tu, pedro, continuas o mesmo lol!
Já ouvi o mail que me mandaste prai 3 vezes. Muito Bom. Depois tens de me dizer onde arranjaste aquilo!
Wear suncream

Anonymous said...

que frito!!!

Anonymous said...

Estava muito magoado com todo este post até ler este pedaço:

"Quando virem um urso dos grandes que não use pijama, POR FAVOR NÃO CORRAM de braços abertos para ele!"

Remediaste, ainda que mesmo à última.
abraço